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Guia AgroRondônia

Uma estrela do Norte na pecuária

Assim se pode definir o brilho do trabalho que se faz com a produção de carne bovina em Rondônia, nos melhores moldes de tecnificação do País. Neste 2º capítulo de um raio-x da agropecuária rondoniense, a produção pecuária da carne bovina é o destaque.

Uma estrela do Norte na pecuária

Em cena, a protagonista bovinocultura de corte, o grande patrimônio do Estado, agora considerado pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE/ONU) como livre de aftosa sem vacinação, ao lado de outras unidades do País, bem distinguidas, permitindo grande diferencial para exportação.

Mas é preciso esclarecer que qualquer coisa a ser dita sobre o agro do Estado tem de passar, necessariamente, pelo trabalho de transferência de tecnologia da Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia (Emater-RO), atualmente presidida por Luciano Brandão. Em 2021, ela comemora “Bodas de Ouro” que representam muito bem um Brasil que dá certo.

A entidade trabalha com foco principal no incremento das atividades de pequenos produtores. Porém, seu conhecimento e qualificação a habilitam para contribuir no aumento de produtividade das principais culturas levadas pelo Estado, inclusive, em médias e grandes corporações da região, até na pecuária de corte.

Produção de proteína animal vermelha

As ações da Emater-RO na produção de carne bovina são importantes, socialmente, também. Convênios como o mantido com a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), pelo “Pró-Genética”, permite a democratização de genética melhoradora para a este público, detentor de um número menor de fêmeas em reprodução, mas que pesa no fiel da balança.

Essa produção não é destaque na representação bovina do Estado, com estimadas 15 milhões de cabeças, sexta maior do País. Porém, no universo de produtores, o número dos rotulados “pequenos” é muito maior do que os grandes, cerca de 2% deles que possuem mais de 90% desse rebanho.

O Valor Bruto da Produção (VPB) da pecuária rondoniense é de R$ 12,4 bilhões, quase duas vezes o da agricultura (65% contra 35%), e graças aos bovinos, com contribuição perto de R$ 11 bilhões. Esse desempenho do Estado representa 7,2% do VPB da atividade nacional. É importante, considerando que sua criação está em todas as unidades da Federação.

Uma amostra de competência

A Fazenda Modotti é referência em Rondônia, por vários motivos, e resultado do esforço de mais de cinco décadas da família Modotti na estruturação de uma pecuária moderna e rentável. Ela saiu de Assis (SP) para desbravar o Norte do País (Vilhena/RO) e, hoje, tornou-se referência na região.

A propriedade principal possui 10 mil hectares. Outra está município de Nova Monte Verde (MT), com 3,33 mil hectares; e mais uma em Ariquemes (RO). Em Vilhena está o núcleo de Nelore PO, seleção retomada em 2010 com fêmeas da região, além de gado comercial e, ainda, lavouras de milho e soja arrendadas para agricultores especialistas.

Vale lembrar que a Fazenda Modotti é campus experimental e acadêmico da Faculdade Marechal Rondon (Faron), instituição de ensino superior fundada pela família Modotti que oferece os cursos de Medicina Veterinária, Agronomia e engenharias Florestal e Civil. Trata-se de uma sala de aula a céu aberto para diversas práticas.

Tecnologia e seleção criteriosa

A reposição das matrizes POs são feitas com as melhores bezerras de cada safra. O mesmo serve para as comerciais, sempre servidas por tourinhos próprios. A reprodução se vale de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), com repasse com touro nas doadoras e, na sequência, multiplicação por Fertilização in Vitro (FIV).

O Nelore FM, marca da casa, é aferido pelo Programa de Melhoramento Genético Zebuíno (PMGZ/ABCZ) e “Nelore Brasil” (ANCP). Além disso, trabalha com avaliação ultrassonográfica da DGT Brasil há dois anos, trabalho que já mereceu a oferta de um bezerro para ser submetido à mensuração de desempenho do renomado “Programa de Carne de Qualidade Zebu”.

Com suporte de demandas dos cursos da Faron, recentemente os animais da Modotti passaram a apurar a eficiência alimentar do plantel. O objetivo do estudo é antecipar em seis meses o tempo de terminação. Pela ultrassonografia, seguem leituras de qualidade de carne e carcaça, tais como marmoreio, área de olho de lombo e acabamento de gordura subcutânea.

A seleção da FM valoriza o ganho de peso e precocidade, porém não passam despercebidos itens como habilidade materna e docilidade, principalmente na escolha dos reprodutores. “Necessariamente eles devem apresentar padrão ‘Deca 1’ (o melhor, segundo a ABCZ) e positividade nos critérios desejados. Portanto, os mais altos”, reforça Carlos Alberto Moreira Modotte, terceira geração.

Qualidade e produtividade em mãos

Os bovinos frutos desse trabalho permitiram incremento no valor da arroba pago (machos e fêmeas) que vão para o gancho. Na estrutura, a pecuária conta com confinamento com capacidade para engordar até 2 mil animais por vez. Mas a engorda não se dá apenas de forma intensiva.

As produções comerciais terminam em semiconfinamento, com desempenho similar, já que se trata da mesma genética. O rendimento médio de carcaça chega nos 56%, com peso de 20 arrobas e idade de 24 meses. Antes, o gado era abatido com 30 meses em média.

Os animais FM também são diferenciados pela qualidade da dieta. A bezerrada conta com creep feeding. Já as pastagens são o tempo todo recompostas e até reformadas. O gado em recria recebe suplementação proteico-mineral e até ração concentrada, antes da entrada no regime intensivo (adaptação).

 

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